Não me refiro, evidentemente, à eliminação de Última Parada 174, de Bruno Barreto, da corrida pelo prêmio de melhor filme em língua estrangeira - compartilho da opinião de que haveria mais chances se Estômago, de Marcos Jorge, fosse o escolhido para representar o Brasil. Falo de outras coisas: a imprevisibilidade sobre quem ganhará o prêmio máximo do cinema mundial e a cada vez maior demora para filmes mais fortes estrearem por aqui - aliada às antecipações da cerimônia da estatueta dourada (a cerimônia deste ano será em pleno domingo de Carnaval).
Pela primeira vez em muito tempo, não há um favorito destacado para ganhar o Oscar de melhor filme. Nem mesmo aqueles "filmes com cara de Oscar" (histórias arrebatadoras, verdadeiras superproduções, ou cinema de resultados mesmo) têm aquela cara de que vão arrebentar no Teatro Kodak. Nem mesmo os prêmios pré-Oscar têm servido de parâmetro: o Globo de Ouro, oferecido pelos correspondentes internacionais em Hollywood, premiou o semi-independente (e elogiado) Slumdog Millionaire (ainda sem título em português), de Danny Boyle, como o melhor filme dramático (a melhor comédia ficou para Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen). Mas, mesmo sendo um filme que conta a história de alguém que supera desafios e é ambientado na Índia (a Academia, às vezes, se amarra em produções exóticas), não acredito que seja um filme de chegada (tanto que só estreará por aqui em março, bem depois do Oscar). Talvez o israelense Valsa com Bashir, de Ari Folman (ganhador do prêmio de filme estrangeiro), seja um diferencial (está cotado a ser indicado ao Oscar não só de filme estrangeiro, mas também de longa de animação e documentário em longa-metragem) e uma atração, principalmente para os dias de hoje (é baseado nas memórias do cineasta, quando era militar do seu país na Guerra do Líbano, em 1982).
Só nos resta conferir os filmes com mais potencial. Um deles estreou hoje: O Curioso Caso de Benjamin Button (foto acima), de David Fincher, com Brad Pitt e Cate Blanchett, que conta a história de alguém que nasce velho e vai ficando com a aparência mais jovem à medida que ganha idade. Alguns outros estrearão nas próximas semanas: Milk, a Voz da Igualdade, de Gus van Sant, sobre um político e ativista gay dos anos 70, vivido por Sean Penn; O Lutador, de Darren Aronofsky, sobre um atleta da luta-livre (Mickey Rourke) que vive seu ostracismo; além de Frost/Nixon, de Ron Howard, que reproduz a entrevista do ex-presidente norte-americano Richard Nixon (Frank Langella) ao jornalista britânico David Frost (Michael Sheen). Antes mesmo das indicações (que serão divulgadas no próximo dia 22, quinta-feira, exatamente um mês antes da cerimônia), já há especulações de que Pitt, Penn, Rourke e Langella serão indicados ao Oscar de melhor ator - Rourke largaria com certa vantagem, já que ganhou o Globo de Ouro de melhor ator dramático. São muitos filmes para assistir em tão pouco tempo - o que é a causa de um problema, que é o segundo tema deste texto.
Os filmes mais fortes vêm demorando cada vez mais para ter suas estreias aqui. A marcação da data da entrega do Oscar para o domingo de Carnaval piorou ainda mais as coisas, porque fica muito apertado. Antes, a cerimônia era no meio de março ou início de abril, mas a vontade da Academia em impor uma maior independência do Oscar em relação aos demais prêmios a fez marcá-lo sempre para o último domingo de fevereiro. Ou seja, pela primeira vez, haverá Oscar e Carnaval numa mesma semana - o que prejudica muitos cinéfilos, e também a este que vos escreve, tendo que se dividir entre dois assuntos que lhe são caros... Bem, espero dar meu jeito.
3 comentários:
Credo, ce gosta de carnaval???
Rapaz, faz anos que não vejo um Oscar. Sei lá, os democratas tomaram conta de Hollywood.
Bom, eu não tenho dúvida. Vou tentar ver os filmes antes da cerimônia mas... No dia do meu aniversário de 30 anos? Em pleno carnaval? Ô skindô lalá, ô skindô lelê... ;-)
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